Anizia Valadarez
Por que você trava quando está prestes a tomar uma decisão que vai mudar sua vida?

Você já esteve diante de uma decisão que sabia que poderia mudar completamente a sua vida? Aceitar um novo emprego, terminar um relacionamento, investir em um curso transformador ou até agendar uma sessão terapêutica que poderia abrir portas para uma nova fase. 

O que você sentiu nesse momento? Ansiedade? Medo? Um aperto no peito? Vontade de desistir de tudo? Essas sensações não são coincidência. Quando estamos prestes a sair da nossa zona de conforto, o corpo e a mente entram em estado de alerta. É como se um alarme interno fosse disparado: "Cuidado, algo vai mudar!". Nosso cérebro, programado para nos proteger, ativa mecanismos inconscientes que nos empurram de volta para o que é conhecido, ainda que doloroso. Afinal, para a mente, o conhecido é sinônimo de segurança, mesmo que isso signifique viver insatisfeita, sem evoluir ou repetindo os mesmos padrões.

 O corpo fala quando a mudança está próxima

Alguns sinais são clássicos: insônia na noite anterior a uma decisão, coração acelerado, suor nas mãos, dificuldade de raciocinar com clareza, vontade súbita de adiar ou cancelar compromissos importantes, medo de não dar conta, sensação de que o esforço será em vão. É o corpo tentando evitar aquilo que pode trazer instabilidade, mesmo que seja justamente o que você precisa para crescer. Talvez você já tenha marcado uma consulta, uma sessão de terapia ou coaching, e no dia simplesmente desapareceu, não foi ou inventou uma desculpa e acreditou que aquilo era um sinal do universo. Esse comportamento é mais comum do que parece e revela um mecanismo inconsciente de autoproteção: se eu não vou, eu não mudo. Se eu não mudo, eu continuo viva e segura, ainda que infeliz.

Por que a mente nos sabota nas grandes decisões?

A mente humana é programada para economizar energia e evitar riscos. Mudanças exigem esforço, adaptação e abertura para o desconhecido. É por isso que, em momentos decisivos, surge a voz interna que diz: "Não é o momento", "Isso não é para você", "Melhor esperar mais um pouco". Essa voz não é a sua verdade, mas sim a resistência inconsciente ao novo.

Esse mecanismo se manifesta em várias áreas da vida: 

  • Na vida emocional: quando você sabe que precisa terminar um relacionamento, mas sente medo de ficar sozinha.
  • Na vida financeira: quando surge uma oportunidade de investimento ou crescimento, mas você paralisa por medo de perder.
  • Na vida profissional: quando é hora de se posicionar, mudar de carreira ou empreender, mas a insegurança fala mais alto.
  • Na vida terapêutica: quando você marca uma sessão de transformação e simplesmente não aparece ou desmarcar em cima da hora. 

Questões para reflexão

  • Quantas vezes você já desistiu de algo que poderia mudar sua vida por medo do desconhecido?
  • Quantas vezes o seu corpo travou diante de uma oportunidade?
  • Quantos ciclos repetitivos você já percebeu na sua vida porque não teve coragem de enfrentar a mudança?

Essas perguntas são convites para perceber que o "travar" faz parte do processo. Não significa fraqueza, mas sim que você está no limiar de uma transformação. O segredo está em reconhecer o medo, agradecer ao corpo pelo alerta, mas não deixar que ele comande suas escolhas.

Quando você trava, muitas vezes não percebe que está abrindo mão de uma versão mais feliz de si mesma. Está escolhendo ficar no que é desconfortavelmente familiar. O travar não protege apenas: ele aprisiona. Ele mantém você em relacionamentos que já não fazem sentido, em trabalhos que drenam sua energia, em padrões financeiros que só reforçam a escassez. E o mais doloroso: cada vez que você desiste, reforça para sua mente que “é melhor não tentar”. Aos poucos, esse padrão cria raízes e se torna parte da sua identidade. Você começa a acreditar que não nasceu para prosperar, que não merece mais ou que não tem capacidade de mudar.

Atravessando a barreira da resistência

Quando você se permite dar o passo mesmo com medo, algo extraordinário acontece: sua mente descobre que o novo não é um perigo, mas uma expansão. O que antes era visto como ameaça, passa a ser interpretado como aprendizado, crescimento e liberdade. Por isso, da próxima vez que estiver diante de uma decisão difícil e você sentir vontade de retroceder, você pensar que não é capaz ou que é melhor desistir, lembre-se: não é falta de interesse, é o seu inconsciente tentando te manter presa ao velho. E é justamente nesse ponto que a transformação começa: quando você escolhe ir, apesar da resistência. 

Toda decisão que pode mudar a sua vida desperta medo, resistência e até sintomas físicos. Mas também são nesses momentos que estão as maiores oportunidades de cura, evolução e prosperidade. Não deixe que o mecanismo de autoproteção te mantenha onde você não quer mais estar. A pergunta que fica é: você vai deixar o medo decidir por você, ou vai atravessar a barreira e descobrir o que existe do outro lado?

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